Uma distinção necessária.

    O QUE É RESTAURAÇÃO?

    O conceito de restauração muitas vezes é interpretado de maneira equivocada.

    Restauração não é renovar uma obra de arte. Restaurar também é uma arte: exige técnica correta a ser empregada no tratamento de uma determinada peça artística, propiciando condições favoráveis para prolongar sua “vida”, neutralizando o processo de degradação que tenha iniciado, sem provocar interferências na "criação" do autor.

    A restauração requer critérios, estudos, habilidade e muita paciência. Envolve um série de providências, tais como: o levantamento da documentação; o estudo de reconhecimento ou exame da obra (determinando o estado de conservação, a causa que está levando a obra a ser restaurada), e as diversas formas de tratamento adequado, segundo as particularidades de cada caso (por exemplo: testes químicos, limpeza, fixação das partes em desprendimento, imunização contra o ataque de insetos, consolidação, remoção de eventual, obturação, nivelamento, reintegração e, por fim, se necessário, uma camada de proteção). Dependendo da obra e/ou do seu estado de conservação a restauração pode levar meses ou anos.

    E CONSERVAÇÃO?

    A noção de conservação está voltada aos procedimentos necessários para que a obra de arte fique imune à ação do tempo, do vandalismo ou de qualquer processo de degradação. Compreende-se, ainda, o cuidado indispensável nos procedimentos de limpeza, manuseio e transporte, além da adequação dos espaços que abrigam as obras de arte.

    Conservando de maneira correta é que evitaremos danos maiores.

    CONSERVAR E RESTAURAR  obras de arte é sempre um grande desafio, haja vista a interferência de inúmero fatores, como  a ação do tempo, as mudanças de clima, a poluição, as intervenções inadequadas, etc. Todo esse trabalho exige, antes de tudo, conhecimento, cautela, paciência e habilidade. É preciso também amor, zelo e sensibilidade durante a execução do ofício, garantido o seu êxito.

    Melhor seria, valorizando a conservação preventiva, não restaurar a obra de arte. Afinal, de um modo ou de outro, o restauro não deixa de ser uma intervenção.

    Aliás, como já advertia Pentenkofer: “Conservar em vez de restaurar”!

    A restauração se apresenta, assim, como um “mal necessário”, diante de tantas obras deterioradas, vítimas do esquecimento, do desconhecimento e, ainda, do desinteresse histórico-patrimonial. Poucos são aqueles que têm a consciência de que recuperação de uma obra de arte, em muitos casos, reflete não apenas o valor artístico que a ela ostenta, mas também a identidade cultural de um determinado povo.

    E restaurá-las não deixa de ser um ato de reparação com a ARTE, com a nossa CULTURA e com a nossa MEMÓRIA.